Senado aprova pacote anticrimes violentos em votação simbólica; proposta agora segue para Câmara

Na terça-feira, 14 de outubro de 2025, o Senado Federal aprovou em votação simbólica o chamado “Pacote Anticrimes Violentos” (PL 4.809/2024).   O texto visa endurecer penas e adaptar mecanismos legais para responder ao aumento da criminalidade associada à violência, especialmente aquela cometida com armas e em contexto de organizações criminosas.  

O que o projeto altera e inclui

O pacote propõe alterações em diversas leis, entre elas:

• Código Penal

• Código de Processo Penal

• Estatuto do Desarmamento

• Lei de Crimes Hediondos

• Lei de Drogas  

Mudanças de regimes e penas

• Redução do limite para início da execução da pena em regime fechado: antes era para condenações de 8 anos ou mais; com o novo texto, condenados com penas a partir de 6 anos já cumpririam em regime fechado.  

• Criação e rigor para resistência qualificada: punir quem obstaculiza ação policial com barricadas, fogo ou escudos humanos.  

• Regras mais duras para progressão de regime em crimes ligados a tráfico, milícia, organizações criminosas — passa a exigir pagamento de multa, salvo comprovada incapacidade financeira.  

• Crimes com uso de armas de origem ilícita passarão a ser tratados como hediondos, sem direito a fiança ou indulto.  

• Aumento das penas em casos específicos:

 • Roubo com arma de uso restrito ou proibido: pena de 8 a 20 anos (antes de 4 a 10 anos)  

 • Roubo com lesão corporal grave: pena de 10 a 20 anos  

 • Receptação criminosa: pena mais alta prevista no texto aprovado  

 • Homicídio simples: elevação do tempo mínimo de pena de 6 para 8 anos  

Critérios para prisão preventiva e periculosidade

O projeto define critérios objetivos para decretação de prisão preventiva, exigindo avaliação concreta de risco à ordem pública e histórico do agente.   Também restringe a decretação apenas à gravidade abstrata do crime, exigindo circunstâncias concretas.  

Relator e articulação política

O relator do projeto é o senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que incorporou emendas e ajustes ao parecer original da Comissão de Segurança Pública.   A proposta foi defendida como uma resposta urgente à escalada de violência e como marco de endurecimento legislativo.   O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), presidente da Comissão de Segurança Pública, destacou o caráter de “maior impacto na segurança pública” do projeto nos últimos anos.  

Próximos passos

Como a votação no Senado foi simbólica (sem registro individual de votos), o texto aprovado será agora encaminhado para análise na Câmara dos Deputados, onde pode ser modificado ou aprovado como está.   Se passar sem vetos, seguirá para sanção presidencial.  

Críticas e debates em torno do pacote

• Críticos afirmam que endurecimento penal isolado não ataca as raízes estruturais da violência, como desigualdade social, falhas no sistema de segurança, estrutura policial, etc.

• Há questionamentos jurídicos sobre proporcionalidade, presunção de inocência e garantias constitucionais em casos de aplicação automática de penas mais duras e regimes fechados.

• Observadores alertam que a execução e fiscalização dessas novas normas demandarão investimento em infraestrutura, quadros técnicos, orçamento e coordenação entre poderes.

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