Rapha. – Foto: Beatriz Ferraz/Secom UnB
A professora Suélia Rodrigues, da Universidade de Brasília (UnB), transformou uma experiência pessoal o sofrimento do pai com feridas do diabetes em um avanço científico com potencial de impacto nacional. O dispositivo, batizado de Rapha, promete acelerar a cicatrização de feridas em pessoas diabéticas e, como consequência, reduzir o número de amputações que se originam do quadro conhecido como “pé diabético”.
Desenvolvido pelo Grupo de Engenharia Biomédica da UnB, coordenado por Suélia e pelo pesquisador Adson Ferreira da Rocha, o Rapha é resultado de quase 20 anos de pesquisa.
O funcionamento do dispositivo une duas tecnologias: um curativo feito de látex natural extraído da seringueira que favorece a formação de novos vasos sanguíneos e uma luz de LED terapêutica que ativa células da pele para acelerar o processo de cicatrização.
Na prática, após a limpeza da ferida o profissional aplica a lâmina de látex e posiciona o emissor de luz por cerca de 30 minutos. Em seguida, o curativo permanece na região por 24 horas, sendo trocado conforme orientação médica. A proposta é que o tratamento seja não invasivo, de baixo custo e com potencial para adoção em hospitais públicos.
O projeto já recebeu o selo de segurança do Inmetro e aguarda o registro da Anvisa, o que é necessário para que o Rapha seja produzido em larga escala e, segundo a pesquisadora, possa ser disponibilizado no Sistema Único de Saúde (SUS).
A empresa Life Care Medical, com sede em São Paulo, será responsável pela produção em séries, e o projeto conta com apoio de instituições como o Ministério da Saúde, CNPq, CAPES, FAPDF e outras.
Se implementado com sucesso, o dispositivo pode marcar um importante passo para a medicina inovadora no Brasil, oferecendo uma alternativa em um segmento crítico da saúde pública: as feridas crônicas em diabéticos, que geram alto custo e levam a complicações graves. Por outro lado, é necessário acompanhar os próximos passos regulatórios, os ensaios clínicos em larga escala e a incorporação real ao SUS para medir o alcance e eficácia da solução.
