Governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues Crédito: Marina Silva
Uma pesquisa recente acendeu o alerta máximo no Palácio de Ondina e expôs o tamanho da crise política que ronda o governo de Jerônimo Rodrigues (PT). O levantamento, tanto em sua parte quantitativa quanto qualitativa, revelou um sentimento de rejeição crescente ao governador e à gestão petista na Bahia. Segundo dados da pesquisa obtida pela imprensa, a administração foi definida por muitos entrevistados como “péssima, medíocre e caótica”. E mais: Jerônimo foi descrito como “despreparado, irresponsável e sem conhecimento”.
O problema não é isolado. Em cidades do interior — tradicionalmente redutos petistas — a imagem do governador desmorona. Em um município com cerca de 20 mil habitantes, onde venceu com folga em 2022, Jerônimo despencou cerca de 30 pontos em intenção de voto. Um prefeito aliado, que encomendou a pesquisa para avaliar sua própria gestão, acabou descobrindo que o governador virou peso morto eleitoral.
Pra piorar, até a força de Lula começa a ruir na Bahia. Com queda de popularidade até mesmo em cidades pequenas, o presidente já não é mais a “alavanca” eleitoral que foi nas últimas eleições. Isso preocupa a cúpula petista, que via em Lula o trunfo para segurar a barra de Jerônimo até 2026.
Nos bastidores, a guerra política dentro do próprio governo já é realidade. Deputados estaduais e secretários estão em disputa aberta por território e influência. A crise chegou a tal ponto que a base governista cogita criar um “conselhão” interno para decidir onde liberar ou segurar recursos, com foco total na eleição de 2026 — e sem esconder que a prioridade será premiar os mais “fiéis”.
A greve dos professores da rede municipal de Salvador é outro caldeirão fervendo. Longe de ser só um movimento por melhores salários, o embate virou uma batalha por hegemonia política entre PSOL e PCdoB. APLB e lideranças como Denise Souza, esposa do deputado Hilton Coelho (PSOL), estão em rota de colisão com dirigentes ligados ao PCdoB. O resultado é uma greve que, cada vez mais, parece responder a interesses partidários do que à pauta da categoria. Quem perde com isso? Alunos e famílias.
Em meio a tudo isso, o governador ainda coleciona gafes. Em Itamari, constrangeu o prefeito aliado Dr. Tom (Avante) ao fazer afagos públicos ao seu adversário político Kçulo Menezes, mandando recado direto no palanque: “Senta na cadeira, Tom. Vá governar o povo”.
E tem mais: o TCE descobriu irregularidades em contratos da era Rui Costa, que ainda sangram na atual gestão. Só em uma amostra de R$ 180 milhões, mais de R$ 11 milhões estão com indícios de sobrepreço e superfaturamento.
Já no principal programa social da atual gestão — o Bahia Sem Fome — as falhas são graves. A auditoria do TCE revelou que 90 cidades não receberam qualquer ação e outras 289 receberam no máximo duas. Mesmo cidades em situação crítica de fome foram ignoradas, enquanto Salvador e Lauro de Freitas — com melhores indicadores — concentram a maior parte dos recursos. Pior ainda: a Bahia de Jerônimo não tem um único restaurante popular fora de Salvador, mesmo com 17 cidades aptas ao programa federal. Enquanto isso, a Prefeitura da capital já abriu dez unidades.
A base desarticulada, a rejeição em alta, o fogo amigo e os escândalos de gestão estão virando a tempestade perfeita. A dúvida agora é: Jerônimo vai segurar essa barra até 2026?
Fonte: Correio do estado
