Um novo surto de coqueluche (também conhecida como “tosse comprida”) acende o sinal vermelho para famílias, profissionais de saúde e autoridades: casos e internações têm aumentado, especialmente entre crianças menores de 5 anos, com risco elevado para os bebês. A situação exige atenção imediata à vacinação e diagnóstico precoce.
Panorama nacional e números recentes
Em 2024, foram registrados mais de 7,1 mil casos de coqueluche no Brasil o maior número desde 2014 e 28 óbitos confirmados. Até fevereiro de 2025, já havia 311 casos confirmados e três mortes no país. Em 2025, até a 19ª semana epidemiológica, foram confirmados 1.634 casos e 5 óbitos. Desses casos, 27,7 % ocorreram em crianças menores de 1 ano a faixa mais vulnerável. A letalidade da doença (mortes sobre casos notificados) atingiu 0,45 %, maior índice desde 2019. A maioria dos casos graves e das mortes concentra-se em bebês menores de 1 ano, especialmente abaixo de 6 meses de idade.
Por que está aumentando?
Cobertura vacinal abaixo da meta Em muitos locais, a cobertura da vacina Pentavalente (que protege contra a coqueluche entre outras doenças) e dos reforços da DTP está abaixo dos 95 %, meta ideal para manter imunidade de rebanho. Imunidade que decai com o tempo Mesmo quem foi vacinado pode perder parte da proteção ao longo dos anos especialmente adolescentes e adultos e acabar transmitindo a bactéria para bebês que ainda não completaram seu esquema vacinal. Melhor diagnóstico e notificação Com mais testes disponíveis, casos leves que antes passavam despercebidos agora entram nos registros, empurrando os números pra cima. Ciclos epidêmicos naturais A coqueluche costuma surgir em ondas a cada 3 a 5 anos mesmo com vacinas, surtos acontecem.
Riscos e sintomas em crianças pequenas
Nos bebês, especialmente nos menores de 6 meses, a coqueluche pode evoluir para “quadro grave”, provocando:
crises intensas de tosse dificuldade de respirar apneia (paradas respiratórias) vômitos pós-tosse convulsões necessidade de hospitalização e suporte intensivo
Em crianças maiores ou pessoas vacinadas, os sintomas podem ser menos dramáticos e confundidos com gripe: tosse persistente, guinchos, fadiga.
O que fazer urgência e precaução
Vacinação atualizada As doses da Pentavalente (aos 2, 4 e 6 meses) e os reforços com DTP (aos 15 meses e 4 anos) devem estar em dia. Para as gestantes, a vacina dTpa (na gestação) é fundamental para proteger o bebê por meio da imunização passiva. Estratégia casulo Além da vacinação da mãe, recomenda-se vacinar quem convive com o bebê (pais, irmãos, cuidadores, profissionais de saúde) para criar um “escudo” protetor. Atenção aos sinais iniciais Persistência de tosse prolongada (especialmente com crises), rouquidão, vômitos após tosse, “guincho” na inspiração são alertas procurar unidade de saúde imediatamente. Diagnóstico e tratamento precoce Quanto mais cedo iniciar tratamento (antibióticos, suporte respiratório, monitoramento), menor a chance de complicações graves. Fortalecer a vigilância epidemiológica Notificar casos suspeitos, monitorar clusters, ações de bloqueio vacinal em áreas onde há casos confirmados.
Conclusão:
Esse crescimento nos casos e internações de coqueluche entre crianças menores de 5 anos não é uma estatística distante é um alerta praticável. A prevenção existe: vacina, atenção, proteção em rede. Se somos uma comunidade, cabe a cada um fazer sua parte, para que bebês e crianças não paguem o preço.
