Ibuprofeno e paracetamol podem aumentar resistência a antibióticos e risco de morte por infecção, alerta estudo

Dois dos medicamentos mais usados no Brasil e no mundo ibuprofeno e paracetamol estão no centro de um alerta internacional. Uma pesquisa da Universidade do Sul da Austrália (UniSA) mostrou que esses analgésicos, quando combinados a antibióticos, podem estimular mutações em bactérias e aumentar o risco de resistência antimicrobiana, um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade.

O estudo, divulgado em agosto de 2025, foi realizado em laboratório com a bactéria Escherichia coli (E. coli), comum no intestino humano e em casos de infecção urinária. Os cientistas observaram que, ao administrar ibuprofeno e paracetamol junto ao antibiótico ciprofloxacina, as bactérias não apenas sobreviveram, mas desenvolveram resistência não só a esse remédio, como também a outros antibióticos de diferentes classes.

Segundo os pesquisadores, o efeito se dá porque os analgésicos estimulam mutações no microrganismo, acelerando sua capacidade de adaptação e tornando-o mais difícil de combater.

📌 Impacto global

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já considera a resistência antimicrobiana uma das maiores ameaças à saúde global. Em 2019, estima-se que 1,27 milhão de mortes foram diretamente atribuídas a infecções resistentes a antibióticos. Especialistas temem que, sem novos tratamentos eficazes, doenças hoje simples possam voltar a ser fatais no futuro.

O alerta é ainda mais relevante em contextos de polifarmácia quando pacientes, como idosos em asilos e pessoas internadas, utilizam diversos medicamentos ao mesmo tempo. Nestes casos, a combinação de analgésicos com antibióticos é comum, o que aumenta os riscos.

⚠️ Não é para abandonar os remédios

Os cientistas reforçam que o estudo não é um chamado para interromper o uso de ibuprofeno ou paracetamol, já que ambos são seguros quando usados corretamente e dentro das orientações médicas. O ponto de atenção é sobre seu uso combinado e frequente com antibióticos.

🌍 Repercussão internacional

A pesquisa ganhou destaque em veículos como India Today, Fox News, News-Medical e RACGP, além de jornais brasileiros como o BNews e o Correio 24 Horas. A repercussão reflete a preocupação da comunidade científica sobre como medicamentos comuns podem influenciar diretamente na luta contra as chamadas “superbactérias”.

A recomendação, por enquanto, é clara: nunca se automedique. O uso de antibióticos deve ser sempre prescrito por um profissional de saúde, e mesmo medicamentos de uso rotineiro, como analgésicos, precisam ser consumidos com cautela.

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