Falsificação de café dispara no Brasil e coloca saúde do consumidor em risco

A falsificação de café no Brasil deixou de ser um problema pontual e virou caso de saúde pública. Produtores desonestos, falsificação de selos e a venda de misturas que se passam por café verdadeiro estão cada vez mais presentes nas prateleiras. O resultado é um risco direto para a saúde do consumidor e prejuízo para a indústria honesta.

Em janeiro de 2025, a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) soou o alerta para o chamado “café fake”. Trata-se de um produto que se apresenta como café tradicional, mas é feito de cevada, milho torrado, cascas ou até mesmo palha. O rótulo pode até enganar, mas não entrega pureza nem qualidade.

A situação se agravou em agosto de 2025, quando a Operação Café Real, no Rio de Janeiro, apreendeu seis toneladas de café impróprio para consumo, algumas embalagens inclusive com selos falsificados da Abic. Entre as irregularidades encontradas estavam níveis de impureza acima do limite legal de 1% e presença da toxina fúngica ochratoxina A, capaz de provocar tumores, além de danos ao fígado e rins.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) orienta os consumidores a evitarem produtos com expressões como “sabor café”, “tipo café” ou “contém aromatizantes”. Preços baixos, ausência de QR Code e falta do selo oficial de pureza da Abic também são sinais de alerta.

O consumidor não é o único prejudicado. Indústrias sérias enfrentam concorrência desleal, e os órgãos de fiscalização precisam redobrar esforços para coibir o crime. A recomendação é denunciar produtos suspeitos ao Procon, Anvisa, Ministério da Agricultura e à própria Abic.

Mas há esperança no horizonte. Pesquisadores da Unicamp desenvolveram uma tecnologia capaz de detectar adulterações em cafés com até 95% de precisão, por meio de análise com luz controlada e aplicativos em celulares. Essa inovação pode ser uma aliada para evitar que o café brasileiro, referência mundial, continue manchado pelas falsificações.

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