
Começou a ser vendida no mercado privado brasileiro a injeção de cabotegravir de longa ação, comercializada como Apretude. É a primeira PrEP injetável disponível no país e foi aprovada pela Anvisa em 2023. A aplicação é intramuscular e feita por profissional de saúde. A posologia é uma dose por mês nas duas primeiras aplicações e, depois, a cada 2 meses. Indicação: adultos e adolescentes a partir de 12 anos e ≥35 kg, com teste de HIV negativo antes de iniciar.
O que muda na prevenção
Ensaios de fase 3 (HPTN-083 e HPTN-084) mostraram que o cabotegravir superou a PrEP oral diária (TDF/FTC) na prevenção do HIV em populações-chave (homens cis e mulheres trans que fazem sexo com homens; e mulheres cis em alto risco). Estudos e dados de implementação recentes relatam efetividade próxima de 99% e até zero novas infecções em coortes acompanhadas, reforçando a alta proteção quando o esquema é seguido corretamente.
Preço, onde encontrar e quem distribui
A dose sai por cerca de R$ 4 mil no varejo privado (pode variar por região e serviço de aplicação). O produto é distribuído no Brasil pela Oncoprod e está disponível em farmácias e clínicas, com opção de entrega ao paciente.
Entra no SUS?
Ainda não. O Ministério da Saúde conduz análise de custo-benefício na Conitec para eventual incorporação. Até lá, o acesso é apenas na rede privada.
Como funciona (em linguagem reta)
O cabotegravir é um inibidor da integrase (INSTI): bloqueia a integração do DNA do HIV ao material genético das células de defesa etapa crítica para estabelecer a infecção e, por isso, previne a aquisição do vírus quando há exposição.
Quem pode usar
- Pessoas sem HIV e em risco elevado de exposição sexual ao vírus.
- Necessita testagem negativa para HIV antes de cada início e acompanhamento regular.
- Aplicação feita em serviço de saúde (injeção glútea, 600 mg/3 mL).
Efeitos adversos e segurança
Reações no local da injeção são as mais comuns; também podem ocorrer cefaleia, febre, fadiga, náusea e outros eventos leves/moderados já descritos em bula e estudos. Monitoramento clínico é parte do protocolo.
Por que isso importa
Adesão: a aplicação bimestral reduz o risco de esquecimento típico da PrEP oral diária e isso aumenta a efetividade no mundo real. Cenário Brasil: mesmo com PrEP oral no SUS desde 2017, o país ainda registra dezenas de milhares de novos casos por ano; projeções estimam centenas de milhares na próxima década. Expandir opções pode evitar infecções e economizar bilhões em tratamento.
Próximos passos no pipeline
Além do cabotegravir bimestral, há movimento global para ampliar oferta (incluindo licenças voluntárias via MPP para países de baixa e média renda) e novas opções como o lenacapavir (PrEP semestral) em análise regulatória no Brasil.
