Suspeitas ainda não entraram em acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e passaram por uma nova audiência na sexta-feira (29).
Idosa resgatada após 50 anos em trabalho escravo foi separada do filho pelas patroas
Uma idosa de 64 anos, vítima de exploração por mais de cinco décadas em condições análogas à escravidão, foi resgatada em Itabuna, no sul da Bahia. Além de nunca ter recebido salário durante esse período, ela foi impedida de criar o próprio filho, separado dela ainda na maternidade pelas patroas, que entregaram o bebê a terceiros.
O caso veio à tona após uma operação conjunta da Auditoria Fiscal do Trabalho, Ministério Público do Trabalho (MPT) e Defensoria Pública da União (DPU), realizada na segunda-feira (25). No momento do resgate, a mulher estava debilitada, sem dentes, com um ferimento grave na perna que comprometia sua locomoção e apresentava sinais de sofrimento psicológico. Ela foi acolhida, passou por atendimento médico e recebeu acompanhamento psicológico imediato.
Segundo o MPT, a idosa começou a trabalhar ainda aos 14 anos para o avô de uma das atuais empregadoras e, ao longo das gerações, foi sendo “transferida” entre filhos e netos da mesma família. Durante todo esse período, exerceu serviços domésticos, sem remuneração, submetida a maus-tratos e sem liberdade de sair de casa.
Na fase adulta, engravidou de um vizinho da família e chegou a formalizar um casamento com o homem, mas ele nunca assumiu a relação. Após o parto, as empregadoras a impediram de ficar com o bebê e entregaram a criança para outra família. Até hoje, o paradeiro do filho segue desconhecido.
Além disso, após a morte do companheiro, a vítima começou a ter direito a uma pensão do INSS, mas as empregadoras se apropriavam do benefício, alegando que ela “não sabia lidar com dinheiro”. De acordo com a auditora fiscal do trabalho, Liane Durão, esse tipo de justificativa é recorrente em situações semelhantes, já que muitas dessas vítimas possuem baixa escolaridade.
Na primeira audiência com o MPT, realizada logo após o resgate, não houve acordo. As empregadoras, que alegam dificuldades financeiras, se recusaram a assumir o pagamento das verbas rescisórias e das indenizações. Uma nova audiência está marcada para sexta-feira (29).
Enquanto isso, a idosa segue amparada pela rede de assistência social, que avalia a possibilidade de restabelecer ao menos a pensão desviada pelas patroas, garantindo recursos mínimos para que ela possa manter a própria subsistência e conquistar uma nova moradia.
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