
Dados recentes da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) mostram um crescimento de 17% nos casos de HIV entre jovens de 10 a 19 anos, passando de 160 notificações em 2023 para 187 em 2024. Esse aumento, na real, está mais ligado à expansão dos testes rápidos e à detecção precoce do que a uma explosão da epidemia.
A coordenadora de doenças transmissíveis da Sesab, Eleuzina Falcão, destacou que a facilidade nos testes nas unidades de saúde foi decisiva. Esse diagnóstico antecipado permite tratamento imediato e melhor qualidade de vida. Mas os especialistas alertam para outro lado da moeda: muitos jovens não viveram o pavor da Aids nos anos 1980/90 e acabam subestimando a gravidade, relaxando nas medidas preventivas.
Em Salvador, a iniciativa PrEPara Salvador, sediada no Casarão da Diversidade e voltada para adolescentes LGBTQIAPN+ de 15 a 19 anos, já diagnosticou 20 jovens com HIV. Para se ter uma ideia, esse número supera de forma expressiva os registrados em São Paulo e Belo Horizonte, onde o mesmo projeto notificou até dois casos.

A PrEPara Salvador atua em parceria com instituições como a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a própria Fiocruz, utilizando diferentes estratégias de prevenção, como o uso de preservativos, PrEP oral e injetável.
No panorama estadual mais amplo, até 25 de novembro de 2024 foram notificados 3.309 novos casos de HIV/Aids. De 2019 a 2024, o total acumulado chegou a 22.164 casos, sendo mais comuns entre homens de 20 a 34 anos.

Em resumo: o aumento entre os mais jovens reflete avanços em testagem e diagnóstico, mas exige atenção contínua em prevenção especialmente para uma geração que, sem o choque dos primeiros anos da epidemia, pode achar que “não é coisa séria”.
