Teotônio Vilela: o retrato do descaso com o saneamento básico em Ilhéus

Ilhéus: panorama técnico

Os dados consolidados para 2022 apontam que Ilhéus gera cerca de 6.922,26 mil m³ de esgoto por ano. Do total gerado, 70,86% é coletado e tratado mas isso significa que, naquele ano, 2.017,27 mil m³ foram despejados na natureza sem tratamento. O número indica avanço em infraestrutura, porém não universalização nem operação sem falhas. 

Comparativo regional

Itabuna apresenta cobertura elevada de coleta em levantamentos locais, mas com taxa de tratamento substancialmente menor evidência de que redes extensas sem capacidade de tratamento aumentam risco ambiental. Canavieiras, por sua vez, tem índices próximos aos de Ilhéus, com coleta e tratamento na faixa de 69–70%. Esse mosaico mostra desigualdade entre municípios e aponta necessidade de soluções regionais integradas. 

Planos e governança

Há registro público de esforços para viabilizar o Plano Municipal de Saneamento, mas bases oficiais apontam que Ilhéus declarou não possuir PMSB acessível no SNIS (registro 2020) condição que dificulta captação de recursos federais e definição de metas claras. Transparência e plano publicado são essenciais para tomadas de decisão e cronogramas. 

Teotônio Vilela: diagnóstico de campo

O bairro Teotônio Vilela já foi palco de manifestações e denúncias por vazamentos e esgoto a céu aberto. Reportagens locais documentaram rompimentos de estruturas de escoamento após obras de nivelamento em loteamentos e relatos de moradores sobre pontos com cheiro forte, presença de vetores e alagamentos que misturam pluvial e esgoto. Esses problemas afetam saúde pública, qualidade de vida e valorização imobiliária da área. 

Vulnerabilidades observadas

• Falta de universalização da rede coletora em bairros periféricos;

• Capacidade de tratamento que precisa acompanhar o crescimento da coleta;

• Obras sem coordenação técnica que acabam rompendo redes existentes;

• Ausência de publicação transparente do PMSB limita fiscalização e acesso a verbas.

Recomendações práticas (ordem de prioridade)

Publicação imediata do Plano Municipal de Saneamento (PMSB) com metas por bairro e cronograma claro para captação de recursos.  Diagnóstico técnico e mapeamento por bairro, priorizando Teotônio Vilela: inspeção interna de rede (câmera), levantamento topográfico e identificação de ligações clandestinas. Ampliação/modernização da capacidade de tratamento, com alternativas modulares onde a ETE central não dá conta. Obras de drenagem urbana para reduzir alagamentos e evitar mistura de águas pluviais com esgoto. Programa de fiscalização e canais de denúncia com prazos e transparência na execução financeira e indicadores (SNIS/SINISA por bairro). Campanhas de higiene e participação comunitária, para reduzir riscos imediatos enquanto as obras avançam.

Conclusão

Ilhéus avançou no abastecimento de água, mas o saneamento segue sendo gargalo especialmente nas periferias, e o Teotônio Vilela é exemplo claro de área que necessita de intervenção pública coordenada. A Prefeitura e a Embasa devem publicar o PMSB, apresentar cronograma por bairro e fiscalizar a execução. Jornalismo, sociedade e poder público precisam alinhar prazos e responsabilização. Sem isso, o problema se repete e os moradores seguem pagando a conta com saúde e qualidade de vida.

Fontes: SNIS / SINISA (dados 2022/2023), Instituto Água e Saneamento (perfil municipal), relatórios regionais do Governo do Estado (Plano Regional Litoral Sul / MSB), e reportagens locais sobre o Teotônio Vilela.

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